sexta-feira, 21 de outubro de 2011

esboço



Tempo, tempo, o que é o tempo e como ele pendula? Arrastando-se sobre você ou afastando-se lentamente? Engole-te tornando-se infinito ou vai dissipando-se e você permanece eterna?
Agora ecoa, quase que perdida, a voz do pregador em meus ouvidos e ele diz Só há dois caminhos; ou você sobe, ou te descem mas eu sinto mesmo é que eu não vou pra lugar nenhum e essa ideia de solidão começa a me aterrorizar.
É como uma teia de cordas muito larga e infinitamente comprida, e você caminha nesse tapete mole num caminhar desequilibrado e por vezes cai, mas os fios entrelaçados te suportam, suportam tua insustentável densidade, e as tranças vão se desfazendo aos poucos, soltando corda por corda, e de repente você despenca e não há mais nada pra te sustentar. É isso que chamam de morte.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

eu poderia mentir
dizer que se você fechasse a porta
eu morreria.

mas eu sei que hora ou outra
você abre
só já não sei mais se entro...

me dá meia hora
de paz, solidão, de encontrar as vicissitudes
de revés

tantos momentos onde a borrasca era forte, forte, me fazia encurvar as costas
amor às vezes
agora, olhando tudo, vejo o que nos resta:

domingo, 9 de outubro de 2011

lago

quantos erros
e desencontros
quantos fatos
atropelados

quanto medo,
quanto passado,
quanta coragem,
deu tudo errado

ausência e mágoa
presença finda
corro, me escondo
em qualquer lado

transformo o choro
torna-se lago
eu pulo,
mergulho,
me afogo.